segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


Emanuel Braz de Matos

J.Campbell disse: “Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que procuramos são experiências que nos façam sentir que estamos vivos."

Qual é o sentido da vida? Será que a vida vale a pena ser vivida?
E desabafou o rei Salomão no livro do Eclesiastes 2: 1-3 (NVLC): “Eu disse a mim mesmo: ‘Vamos lá! Vamos aproveitar a vida! Vamos nos divertir!’. Mas descobri que isso também produz um vazio. O que eu descobri depois de curtir a vida? É loucura! Não vale a pena! E cair na vida em busca de prazeres? Será que vale a pena? Com a ajuda de um bom vinho acompanhado de bom senso, decidi cair na gandaia de vez. Estava desesperado para descobrir se alguma coisa vale a pena nesta vida que todos temos de enfrentar nesta terra”.  

A maravilhosa verdade é que Deus nos resgatou dos becos sem saída e dos caminhos de escuridão. Ele nos pôs no Reino do Filho que tanto ama, o Filho que nos tirou do poço em que havíamos caído e se livrou dos pecados que estávamos condenados a repetir.” (Colossenses 1: 13 NVLC).

Sou livre, graças a Deus que já acertou tudo em Cristo Jesus! Mas, nem por isso posso viver buscando obsessivamente o prazer pelo prazer, sem nenhum senso de responsabilidade, na busca de uma felicidade centrada no meu egoísmo, no meu sucesso individual, o que me transformaria no rei do cinismo. E também não posso esconder-me atrás de um jargão místico religioso, vestindo a “folha da figueira” de Adão e Eva, e fingindo que vejo a roupa de ouro do rei que na verdade está peladão... “Analisando a situação por certo ângulo, vocês poderiam dizer: ‘Tudo está certo. Por causa da imensa generosidade e da graça de Deus, não precisamos dissecar nossos atos para saber se serão aprovados’. Mas a questão não é apenas confirmar se está certo. Queremos viver bem, mas nosso objetivo principal deve ser ajudar os outros a viver bem”. (1Coríntios 10: 23-24 NVLC).

O rei Salomão, filho do rei Davi, de onde descendeu Jesus, era ungido de Deus, considerado o mais sábio do mundo, o mais rico, o mais poderoso, o mais belo exemplar da raça humana, e que desfrutou intensamente de todos os prazeres. Tinha 700 esposas e 300 amantes. No entanto, ele escreve o livro do Eclesiastes, questionando o sentido da vida... 

Será que a vida é uma sucessão de fatos sem sentido? 

Diante de uma encrenca, sempre arranjamos explicações: “Deus sabe o que faz; Deus escreve certo por linhas tortas; Deus fecha uma janela, mas abre uma porta”. Principalmente se o “pepino” é com os outros, porque quando acontece conosco, muda o falatório: “Por que isso aconteceu logo comigo? Isso não é justo! Eu não mereço isso! Por que eu?...”, mas, podemos esperar que logo virá alguém com a mesma cantoria que falamos com os outros... E ai é que percebemos que esse falatório não ajuda em nada. 

Salomão quando escreve o Eclesiastes “não tem medo de olhar para o mundo ao redor e dizer que não entendeu quase nada, e que a maioria das coisas que enxerga e vivencia não faz o menor sentido: vaidade, vaidade de vaidades, névoa de nada – absurdo”. Salomão “não quer jogo de sombras nem maquiagem, apenas a vida como a vida é”. “Ele se concentra nos fatos, na vida nua e crua”. Ele se concentra nas palavras chave do livro: vaidade (vapor, neblina, vazio, inútil, sem sentido, transitório, etc.); trabalho (tudo é repetitivo) e debaixo do sol (na terra). O Eclesiastes diz que a vida com reflexão é canseira, enfado, é correr atrás do vento. E nós só vivemos pensando a nossa vida... “Pensar dói. E não é pouco. Dói muito.” “É melhor a dor da reflexão do que o anestesiamento do autoengano” (citações de Ed R. Kivitz).

Na verdade, temos uma fome profunda de significado, e vivemos buscando ansiosamente alguém que nos aceite. E aí, como Zaqueu (Lc 19:5), aquele nanico com complexo de inferioridade, que subiu numa árvore para ver Jesus, fazendo daquela árvore o seu pódio para se projetar, também subimos na nossa árvore da vaidade e da presunção, na árvore de nossos títulos de doutor para chamar a atenção, ou usamos nossas projeções de dinheiro, ou de poder, ou de propriedades, de carros, nossas roupas, nosso corpo, nosso púlpito – tudo para podermos nos projetar e dizer “eu sou alguém”. Tudo para sermos aceitos. Mas, queridos, a única Pessoa que pode nos aceitar na nossa indignidade profunda é o Senhor Jesus Cristo. Jesus deixava uma multidão de mais ou menos 15 mil pessoas, por causa de uma pessoa. E Ele deixou o céu, a “panelinha da Trindade”, por minha causa, por sua causa. Por que?

Porque Ele vê a cada um de nós como pessoa. Ele vê gente, se compadece de gente, toca em gente. E nós, muitas vezes, por preocupação com o sistema, com o mundo, com as posses, com o dinheiro, com o sexo, com o poder, buscando curtir a vida em busca de prazeres, caindo na gandaia de vez, enfim, vivendo egoisticamente cuidando só de nós mesmos e das nossas “coisas” – ferimos gente, gente amada por Deus. Passamos por cima das pessoas amadas, cônjuge, pais, filhos, irmãos, amigos... Esquecemos que: “Queremos viver bem, mas nosso objetivo principal deve ser ajudar os outros a viver bem”.

Buscar, buscar, buscar, mas com o único objetivo: conhecer, conhecer, conhecer, mais e mais o nosso Criador, nos parece bem razoável dizer, para podermos compartilhar em comunhão íntima e relacional com Ele, numa verdadeira amizade, para que nosso enorme vazio existencial possa ser preenchido.

O Eclesiastes é cheio de perguntas profundas, e Salomão não conseguiu as respostas. E nem eu!...
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia” (Shakespeare).
Que cada um de nós descubra que a vida vale a pena ser vivida!

Para a maior Glória de Deus. Amém.

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