Emanuel
Braz de Matos
J.Campbell
disse: “Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que
procuramos são experiências que nos façam sentir que estamos vivos."
Qual
é o sentido da vida? Será que a vida vale a pena ser vivida?
E desabafou o rei
Salomão no livro do Eclesiastes 2: 1-3 (NVLC): “Eu disse a mim mesmo: ‘Vamos lá! Vamos aproveitar a vida! Vamos nos
divertir!’. Mas descobri que isso também produz um vazio. O que eu descobri
depois de curtir a vida? É loucura! Não vale a pena! E cair na vida em busca de
prazeres? Será que vale a pena? Com a ajuda de um bom vinho acompanhado de bom
senso, decidi cair na gandaia de vez. Estava desesperado para descobrir se
alguma coisa vale a pena nesta vida que todos temos de enfrentar nesta terra”.
“A maravilhosa verdade é que Deus nos
resgatou dos becos sem saída e dos caminhos de escuridão. Ele nos pôs no Reino
do Filho que tanto ama, o Filho que nos tirou do poço em que havíamos caído e
se livrou dos pecados que estávamos condenados a repetir.” (Colossenses 1:
13 NVLC).
Sou
livre, graças a Deus que já acertou tudo em Cristo Jesus! Mas, nem por isso
posso viver buscando obsessivamente o prazer pelo prazer, sem nenhum senso de
responsabilidade, na busca de uma felicidade centrada no meu egoísmo, no meu
sucesso individual, o que me transformaria no rei do cinismo. E também não
posso esconder-me atrás de um jargão místico religioso, vestindo a “folha da
figueira” de Adão e Eva, e fingindo que vejo a roupa de ouro do rei que na
verdade está peladão... “Analisando a
situação por certo ângulo, vocês poderiam dizer: ‘Tudo está certo. Por causa da
imensa generosidade e da graça de Deus, não precisamos dissecar nossos atos
para saber se serão aprovados’. Mas a questão não é apenas confirmar se está
certo. Queremos viver bem, mas nosso objetivo principal deve ser ajudar os outros
a viver bem”. (1Coríntios 10: 23-24 NVLC).
O
rei Salomão, filho do rei Davi, de onde descendeu Jesus, era ungido de Deus,
considerado o mais sábio do mundo, o mais rico, o mais poderoso, o mais belo
exemplar da raça humana, e que desfrutou intensamente de todos
os prazeres. Tinha 700 esposas e 300 amantes. No entanto, ele escreve o livro
do Eclesiastes, questionando o sentido da vida...
Será que a vida é uma
sucessão de fatos sem sentido?
Diante de uma encrenca, sempre arranjamos
explicações: “Deus sabe o que faz; Deus escreve certo por linhas tortas; Deus
fecha uma janela, mas abre uma porta”. Principalmente se o “pepino” é com os
outros, porque quando acontece conosco, muda o falatório: “Por que isso
aconteceu logo comigo? Isso não é justo! Eu não mereço isso! Por que eu?...”,
mas, podemos esperar que logo virá alguém com a mesma cantoria que falamos com
os outros... E ai é que percebemos que esse falatório não ajuda em nada.
Salomão quando escreve o Eclesiastes “não tem medo de olhar para o mundo ao
redor e dizer que não entendeu quase nada, e que a maioria das coisas que
enxerga e vivencia não faz o menor sentido: vaidade, vaidade de vaidades, névoa
de nada – absurdo”. Salomão “não quer jogo de sombras nem maquiagem, apenas a
vida como a vida é”. “Ele se concentra nos fatos, na vida nua e crua”. Ele se
concentra nas palavras chave do livro: vaidade (vapor, neblina, vazio, inútil,
sem sentido, transitório, etc.); trabalho (tudo é repetitivo) e debaixo do sol
(na terra). O Eclesiastes diz que a vida com reflexão é canseira, enfado, é
correr atrás do vento. E nós só vivemos pensando a nossa vida... “Pensar dói. E
não é pouco. Dói muito.” “É melhor a dor da reflexão do que o anestesiamento do
autoengano” (citações de Ed R. Kivitz).
Na
verdade, temos uma fome profunda de significado, e vivemos buscando
ansiosamente alguém que nos aceite. E aí, como Zaqueu (Lc 19:5), aquele nanico
com complexo de inferioridade, que subiu numa árvore para ver Jesus, fazendo
daquela árvore o seu pódio para se projetar, também subimos na nossa árvore da
vaidade e da presunção, na árvore de nossos títulos de doutor para chamar a
atenção, ou usamos nossas projeções de dinheiro, ou de poder, ou de
propriedades, de carros, nossas roupas, nosso corpo, nosso púlpito – tudo para
podermos nos projetar e dizer “eu sou alguém”. Tudo para sermos aceitos. Mas,
queridos, a única Pessoa que pode nos aceitar na nossa indignidade profunda é o Senhor Jesus Cristo. Jesus deixava uma
multidão de mais ou menos 15 mil pessoas, por causa de uma pessoa. E Ele deixou
o céu, a “panelinha da Trindade”, por minha causa, por sua causa. Por que?
Porque
Ele vê a cada um de nós como pessoa. Ele vê gente, se compadece de gente, toca
em gente. E nós, muitas vezes, por preocupação com o sistema, com o mundo, com
as posses, com o dinheiro, com o sexo, com o poder, buscando curtir a vida em busca de prazeres, caindo na gandaia de vez,
enfim, vivendo egoisticamente cuidando só de nós mesmos e das nossas “coisas” –
ferimos gente, gente amada por Deus. Passamos por cima das pessoas amadas,
cônjuge, pais, filhos, irmãos, amigos... Esquecemos que: “Queremos viver bem, mas nosso objetivo principal deve ser ajudar os outros
a viver bem”.
Buscar,
buscar, buscar, mas com o único objetivo: conhecer, conhecer, conhecer, mais e
mais o nosso Criador, nos parece bem razoável dizer, para podermos compartilhar
em comunhão íntima e relacional com Ele, numa verdadeira amizade, para que
nosso enorme vazio existencial possa ser preenchido.
O
Eclesiastes é cheio de perguntas profundas, e Salomão não conseguiu as
respostas. E nem eu!...
“Há mais coisas entre o céu e a terra
do que pode imaginar nossa vã filosofia” (Shakespeare).
Que
cada um de nós descubra que a vida vale a pena ser vivida!
Para
a maior Glória de Deus. Amém.